Maior ossário forense da América Latina fica em Aracaju

Publiciado em 22/01/2022 as 10:03

forenses feitos por alunos da área da Saúde, como Odontologia, Enfermagem e Medicina. Além disso, é uma importante contribuição para pesquisadores de outras instituição e também de outros países,

 

De acordo com o coordenador do Laboratório de Anatomia Humana da Unit, Glauquer Sávio Alves da Silva, são poucas as instituições de ensino que possuem um ossário tão grande. “Essa é uma coleção realmente rara. Aqui, nós temos tudo registrado e organizado para facilitar a vida do pesquisador. Com essa quantidade eu posso receber alunos de qualquer instituição do mundo porque é dado suficiente para qualquer pesquisa. E isso é de grande importância para a universidade”, disse.

 

Todas as peças são inventariadas manualmente e digitalmente, e organizadas em prateleiras expositivas ou caixas organizadoras. As ossadas completas também são catalogadas e armazenadas em urnas. Cada uma delas também possui ficha com identificação, medidas morfológicas e que registram até mesmo doenças raras. “São muitos dados diversificados. Temos catalogadas 25 patologias que não são tão simples de achar. Por exemplo, eu tenho ossadas com espondilite anquilosante. Achar um indivíduo com essa doença é muito difícil”, contou o coordenador.

 

As ossadas destinadas aos estudos dos estudantes são submetidas a um procedimento de limpeza pesada. “Lavamos com água e uma escova de nylon para tirar qualquer sujeira, depois colocamos em um tanque com hipoclorito puro a 13% e cal virgem. Tampamos o tonel e deixamos por 24 horas. No outro dia, colocamos em um tanque com peróxido de hidrogênio que vai servir para complementar a ação do hipoclorito e clarear a peça para ficar mais visível, facilitando o estudo do aluno”, explicou Glauquer.

 

Depois desse processo, elas são levadas ao sol e envernizadas para que se mantenham protegidas devido ao manuseio e também para o embelezamento da peça.

 

Os ossuários utilizados em pesquisas de antropologia forense passam por uma limpeza mais simples, para não se deteriorar com o uso de substâncias. “O hipoclorito e o peróxido provocam desgaste no osso. Então, alguma evidência que possa ter na mandíbula, por exemplo, pode ser  movida pela ação dos produtos. E se eu removo o dado, não consigo investigar, não consigo realizar o estudo”, esclareceu.

 

Pesquisa

No momento, seis pesquisas estão sendo realizadas no laboratório. Uma delas é para analisar a variação do nervo milo-hióideo, que fica na base da língua. Em alguns casos, ao invés do nervo alveolar inferior inervar os dentes, a função é realizada pelo nervo milo-hióideo. Isso causa dificuldades em procedimentos odontológicos, a exemplo da falta de sensibilidade à anestesia.

 

“Em 40% a 46% da população, os dentes são inervados pelo nervo milo-hióideo. Essa é uma variação altíssima. Por isso, fizemos uma revisão da literatura. Desde 1915 o nervo milo-hióideo é relatado, mas notamos que não há muitos que falam dessa variação. Há somente um livro em que consta. Mas, se ela existe, porque se fala tão pouco sobre ela?”, questionou o coordenador.

 

Para detectar a condição, foram analisadas 240 mandíbulas, entre as ossadas provenientes da Bahia e de Sergipe, verificando se é influenciada por características locais. Até o momento, foi constatada 52% de variação milo-hióideo nos ossuários baianos. O próximo passo é a análise das ossadas sergipanas, também levando em consideração as etnias.

 

 

 

Da Assessoria