Dono da maior descoberta após o pré-sal, Sergipe deve ter o gás mais barato do Brasil

Publiciado em 15/06/2019 as 12:03

O sucesso da Petrobras na exploração de seis reservatórios e a chegada de investidores privados inseriu Sergipe na rota mundial do gás natural. Sozinho, em cinco anos, o Estado vai ter mais combustível do que o País, hoje, é capaz de importar pelo gasoduto Bolívia-Brasil (Gasbol). Vão ser 40 milhões de m³ por dia, o equivalente a 70% da atual produção interna. Diante de tanta oferta, o governo federal conta com Sergipe para dar o pontapé no 'choque de energia' do ministro Paulo Guedes, da Economia. A aposta é que, em pouco tempo, vai sair do Estado o gás natural mais barato do País.

"Com a entrada de novos atores e ocupação da rede de transporte, vamos ter competição. É o que vai fazer o preço baixar", avalia o secretário de Petróleo e Gás do Ministério de Minas e Energia, Márcio Felix, envolvido na formação do plano do governo de redução dos preços dos combustíveis.

Em Sergipe, a Petrobras fez sua maior descoberta desde o pré-sal, em 2006, diz a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). Além disso, os cerca de R$ 200 milhões que a norte-americana ExxonMobil pagou para levar, em leilão, seis blocos vizinhos aos da estatal, e os cerca de R$ 5 bilhões gastos pela empresa Golar Power para importar e consumir gás numa nova térmica a 3 km da capital Aracaju dão a medida do otimismo com a região. "O cenário não é só de aposta. É de confirmação ou de uma aposta com grande probabilidade", afirma Felipe Kury, diretor da agência reguladora.

Do conjunto dos seis descobertas da Petrobras, localizado em águas profundas, devem ser extraídos até 20 milhões de m³ por dia em 2025, dois anos após o início da operação, calcula o Ministério de Minas e Energia. Esse volume de produção posiciona a Bacia de Sergipe-Alagoas lado a lado de Campos e Santos, onde está o pré-sal. Apenas para delimitar o reservatório e construir o gasoduto até a costa, a estatal deve gastar US$ 2 bilhões, de acordo com o MME. "A Petrobras é uma companhia com foco em águas profundas e as águas profundas de Sergipe vêm mostrando grande potencial para o desenvolvimento", informou a empresa, por meio de sua assessoria de imprensa, sem dimensionar os investimentos. Disse apenas que estão previstos no plano estratégico dos
próximos cinco anos.

Por enquanto, o gás chega ao litoral sergipano por navio, na forma líquida. Investidores da Noruega, Estados Unidos e Brasil formaram uma empresa - a Golar Power - para instalar uma tecnologia submarina que possibilita a importação do produto. Com a nova unidade de regaseificação, que altera o estado do combustível de líquido para gasoso, vai ser possível injetar no mercado interno, já neste ano, o mesmo volume de gás dos seis campos da petroleira estatal. Na prática, esse projeto inaugura a concorrência num mercado até então dominado pela Petrobras.

O gás natural é considerado o combustível da transição para uma energia de baixo carbono, até que as fontes renováveis substituam definitivamente o petróleo e o carvão na matriz energética. Nos últimos anos, grandes petroleiras, como Shell e Exxon, investiram especialmente na sua forma líquida, o GNL, uma commodity competitiva e de fácil entrega por navio, em qualquer localidade do planeta.

Para entrar na rota de comercialização, basta que o país comprador esteja munido de uma unidade de regaseificação, como a recentemente instalada em Sergipe pelainiciativa privada e outras três mantidas pela Petrobras.

Da Agência Estado