Netflix: 'Perdidos no Espaço' faz releitura eletrizante do clássico dos anos 1960

Publiciado em 24/04/2018 as 11:24

Dez horas de tirar o fôlego em cenários extraterrestres espetaculares. Esse é um dos principais atrativos da nova produção original da Netflix, “Perdidos no Espaço” (“Lost in Space”). A série é ambientada em um futuro não tão distante, em 2046, e é um reboot da trama homônima, de 1965, criada por Irwin Allen. Com um elenco bem escalado e o sempre instigante arco narrativo da exploração interplanetária, este thriller espacial, assinado pelos produtores Matt Sazama e Burk Sharpless, tem potencial para se consagrar como um dos melhores originais da emissora por streaming.

“Perdidos” conta a história dos Robinson em uma aventura pelo espaço que, a princípio, é também usada como chance de restaurar os laços familiares abalados pela ausência do pai militar John (Toby Stephens). A matriarca é a brilhante engenheira aeroespacial Maureen (Molly Parker, de “House of Cards”), que deseja levar os filhos Will (Maxwell Jenkins), Penny (Mina Sundwall) e Judy (Taylor Russell) para uma jornada de colonização no sistema estelar Alpha Centauri, a trilhões de anos-luz da quase extinta Terra. O pano de fundo é similar ao usado na série de 1965: a exploração do espaço para salvar a espécie humana.

À época da primeira versão, a televisão norte-americana mergulhava no universo do sci-fi durante o contexto da Guerra Fria e da corrida espacial entre Estados Unidos e União Soviética. O último episódio foi exibido um ano antes de o homem pisar na Lua. Hoje, a nova versão de “Perdidos no Espaço” se insere na discussão sobre o futuro da humanidade neste planeta e as possibilidades que poderemos discutir para levar os terráqueos para colonizar outros mundos alienígenas. A releitura perde pontos ao aprofundar pouco as relações familiares dos Robinson, ainda que faça uso de flashbacks para situar melhor o telespectador.

Por outro lado, os excelentes papéis femininos, principalmente o da doutora Smith (Parker Posey), são o grande destaque da série. Aliás, esta personagem - que no original era um homem - nos proporciona a melhor atuação de “Perdidos no Espaço”. Smith é daquelas vilãs que não conseguimos não odiar por suas atitudes. O alívio cômico é garantido por Don West (Ignacio Serricchio), um mecânico de naves e contrabandista espacial que carrega a galinha Debbie para todo lado.

A exploração de várias situações para garantir a sobrevivência no planeta desconhecido é outro ponto a favor da produção. O ora amigo dos Robinson - principalmente Will - ora perigoso Robô (da célebre frase “Perigo, Will Robinson!”) é responsável por uma das cenas mais emocionantes da história nesta primeira temporada, ao final do quarto episódio.

Um dos atrativos mais interessantes de “Perdidos no Espaço” é a qualidade nos efeitos especiais. Não há, ao longo da temporada, nenhuma cena em que conseguimos detectar falhas nas imagens artificiais. É tudo impressionantemente verossímil. Mergulhamos de fato no planeta desconhecido e torcemos a todo instante para que os Robinson escapem com vida deste ambiente hostil e voltem à rota a bordo da nave Jupiter 2. Fica a expectativa para que a Netflix renove a série para uma segunda temporada, uma vez que a primeira - com dez episódios, lançada em 13 de abril, termina com gostinho de “quero mais”.