Terremoto na Indonésia deixa quase 1.400 mortos e carências 'imensas'

Publiciado em 03/10/2018 as 16:11


Quase 1.400 pessoas morreram no terremoto seguido de tsunami que abalou o arquipélago indonésio de Célebes, segundo o último boletim das autoridades, o que levou a ONU a advertir para as "imensas" necessidades dos sobreviventes e das equipes de resgate.

"O boletim é agora de 1.374 mortos", anunciou em Palu Willem Rampangilei, diretor de agência indonésia de gestão de catástrofes naturais. "Ainda há corpos presos sob os escombros. Não sabemos quantos. Nossa prioridade segue sendo encontrar e salvar as pessoas". 

As autoridades temem que o número de vítimas se agrave a medida em que os socorristas cheguem às zonas de difícil acesso. O Centro de Coordenação de Ajuda Humanitária e a Associação de Nações do Sudeste Asiático (ASEAN) advertiram para a urgente necessidade de bolsas plásticas para cadáveres.

Calcula-se que 66 mil residências foram destruídas pelo terremoto de 7,5 graus de magnitude seguido por um tsunami que varreu as Célebes na sexta-feira passada (28). Desde então, os sobreviventes lutam contra a fome e a falta de água potável, enquanto as autoridades se desdobram para atender os feridos. 

"Apesar de o governo e das organizações de emergência trabalharem sem descanso para aportar uma ajuda vital, as necessidades permanecem imensas", declarou a Agência. "As equipes que trabalham no local têm um sentimento de frustração", explicou na noite desta terça-feira em Genebra Jens Laerke, do OCHA. 

"Ainda não chegaram a partes importantes do que pode ser a zona mais afetada, mas estão se esforçando como podem", disse Laerke. 

A polícia deu tiros de advertência e usou gás lacrimogêneo para dispersar as pessoas que saqueavam lojas em Palu, a principal cidade devastada pelo terremoto e tsunami. A polícia, que até agora havia tolerado que sobreviventes desesperados entrassem em mercados fechados para pegar comida e água, prendeu 35 pessoas pelo roubo de computadores e dinheiro.

"No primeiro e segundo dia não havia estabelecimentos abertos. As pessoas estavam com fome., algumas realmente necessitadas. Isto não é um problema", disse o vice-comandante da polícia nacional, Ari Dono Sukmanto. "Mas depois do segundo dia, os alimentos começaram a chegar, precisam apenas de distribuição. Agora estamos restabelecendo a lei", completou.

O desespero é visível nas ruas de Palu, onde os sobreviventes escalam as montanhas de destroços para procurar objetos. Outros se reúnem nas proximidades dos poucos edifícios com energia elétrica ou entram em filas para receber água, dinheiro ou combustível, observados por policiais armados.

As equipes de emergência não têm equipamentos suficientes e os trabalhos são dificultados pelas estradas bloqueadas e os danos nas infraestruturas. Além disso, nesta terça-feira (02) o país registrou dois tremores na costa, mas a centenas de quilômetros de Palu. 

O exército lidera os trabalhos de resgate, mas após um pedido do presidente, Joko Widobo, ONGs internacionais também enviaram equipes à região. Os mortos - muitos deles ainda não registrados e com seus corpos ainda nos escombros - preocupam as autoridades.

Para evitar um cenário ainda pior, grupos de voluntários começaram a enterrar as vítimas em uma grande fossa comum em Poboya, nas colinas que cercam Palu, com capacidade para 1.300 corpos. 

Caminhões lotados de cadáveres chegam ao local para os enterros em massa. Ao mesmo tempo, as equipes de resgate lutam contra o tempo para tentar encontrar sobreviventes entre os escombros. Apenas no hotel de Roa Roa, os socorristas acreditam que entre 50 e 60 pessoas podem estar presas nos destroços. Até o momento apenas duas foram resgatadas.

Muitas pessoas passaram os últimos dias em busca de informações sobre parentes, nos hospitais e necrotérios improvisados. A Indonésia, um arquipélago de 17.000 ilhas, fica no Anel de Fogo do Pacífico e é um dos países do mundo mais propensos a sofrer desastres naturais.