Europeus vão bancar parte do preço de combustível para aliviar motoristas
Em meio à maior pressão sobre o valor do barril do petróleo em anos, os principais governos europeus sinalizam que irão bancar parte do preço dos combustíveis e, assim, evitar que seja o consumidor que pague de forma integral pela alta registrada nos últimos dias.
Analistas do JP Morgan Chase & Co and Bank of America chegaram a prever que, se a guerra na Ucrânia continuar e o embargo sobre a Rússia for ampliado, o preço do barril do petróleo poderia atingir entre US$ 185,00 e US$ 200,00.
Nos últimos dias, coube ao chefe da diplomacia da UE, Josep Borell, admitir que os consumidores europeus pagarão um preço pelas decisões políticas do bloco contra a Rússia. Mas justificou que as medidas eram necessárias para frear as ações do Kremlin.
Mas, num esforço para evitar transferir os custos da guerra aos cidadãos, governos proliferam anúncios e medidas para frear a inflação. Neste fim de semana, a imprensa alemã revelou que o ministro de Finanças do país, Christian Lindner, avalia a introdução de um desconto sobre a gasolina. Um dos cenários sob exame é a de que os consumidores se deparem com um preço fixo do produto ao abastecer seus carros, enquanto o restante será devolvido aos postos pelo governo.
A meta do governo alemão é de trazer o valor do litro para cerca de 2 euros. Em algumas regiões do país, a taxa chega a 2,20 euros.
Nas negociações entre o governo e operadores, uma das ideias é de que, a cada litro, o governo bancaria cerca de 10% do valor.
Uma ação similar será adotada pela França. O governo de Emmanuel Macron, em plena campanha eleitoral, irá introduzir um desconto de 0,15 euros por litro, a partir do dia 1 de abril. A redução será válida por quatro meses e deve custar, aos cofres públicos, 2 bilhões de euros.
A conta feita pelo governo é de que, num tanque de 60 euros, o motorista economizaria cerca de 9 euros.
De acordo com o governo francês, a intervenção no preço da energia no país já levou do orçamento em 2021 e 2021 cerca de 20 bilhões de euros.
De acordo com o primeiro-ministro, Jean Castex, a operação de desconto vai incluir o setor do transporte de cargas, mas também famílias, agricultores e profissionais de diversas áreas.
Medidas similares também estão sendo adotadas por outros governos. A Irlanda, por exemplo, anunciou que irá reduzir impostos sobre os combustíveis até o final de agosto, na esperança de conter a alta.
Já o governo britânico vai destinar 12 bilhões de libras esterlinas para subsidiar o preço da gasolina, além de congelar impostos pelo 12º segundo ano consecutivo sobre o setor. Enquanto isso, em Portugal, impostos sobre os combustíveis serão reduzidos.
Se as medidas de emergência começam a entrar em vigor, entidades alertam que ações mais estruturais serão necessárias para que a Europa reduza sua dependência em relação à energia russa.
Uma das alternativas, propostas pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico é a de subir os impostos sobre as operadoras elétricas. Com a receita, governos poderiam financiar o apoio aos preços, inclusive diante do aumento dos preços da conta de luz e de tantos outros setores que serão afetados pelo impacto da guerra.
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