Evento aponta para necessidade de organização dos catadores de recicláveis

Publiciado em 14/12/2018 as 00:13

Na manhã desta quinta-feira, 13, um evento debateu a necessidade de fortalecimento das políticas públicas voltadas para catadores de material reciclado no Estado, além de incentivar a criação de novas cooperativas no segmento.

O III Encontro Estadual de Catadoras e Catadores de Materiais Recicláveis de Sergipe (Enec) aconteceu na Associação Atlética Banco do Brasil (AABB) e contou com o apoio da Empresa Torre Empreendimentos, da Fundação Brasil Ecoar e diversos parceiros engajados na temática do Meio Ambiente.

"Não poderíamos deixar de participar de um evento como esse. Um evento inovador, pois está se falando de uma categoria que, muitas vezes, é esquecida. Muitas pessoas vivem com esse objetivo de tirar do lixo o seu sustento. Essas pessoas são muito importantes para que a cadeia sustentável do nosso planeta tenha o seu ciclo", destaca o gerente de contratos da Torre, José Carlos Dias Silva.

Quem marcou presença no evento foi a catadora Kitéria da Silva. Ela está na profissão há 11 anos e, há sete, faz parte da Cooperativa Reviravolta, no município de Nossa Senhora do Socorro.

"É muito importante essa organização em cooperativas porque,hoje, os catadores são reconhecidos e esse evento mostra a nossa importância para a sociedade. Antigamente, éramos os catadores de lixo e sofríamos discriminação. Somos pessoas que encontramos na reciclagem a base para o nosso sustento. Eu digo que a minha vida deu um giro através da Reviravolta. Hoje, somos empresa, somos profissionais, vivemos disso. Tem filho de catador que está na faculdade através da reciclagem. Isso nos orgulha muito", relata Kitéria.

Atualmente, segundo o Ministério Público Federal, são cerca de 1200 catadores em Sergipe. Destes, cerca de 500 já estão em cooperativas. Porém, segundo a procuradora do Ministério Público Federal (MPF), Lívia Tinoco, ainda há muito o que avançar nesse sentido.

"Nós temos um longo caminho de trabalho ainda pela frente. Apesar de toda a organização que temos promovido nos últimos anos, nós ainda temos um déficit muito grande de organização dos catadores nas cooperativas. Essa organização é fundamental para que esses catadores possam ter mais dignidade nos seus trabalhos e uma inclusão social e produtiva", afirma a procuradora.

Apesar de todo o trabalho em torno da organização desses profissionais, o representante do Movimento Nacional dos Catadores em Sergipe, Adriano Santos, avalia que sem a conscientização da sociedade, esse trabalho se torna ineficaz.

"Queremos também que dentro desse parâmetro de estruturação das cooperativas, a população entenda também o papel dela em fazer a separação do seu resíduo em casa e mandar para as cooperativas. Não adianta a gente estruturar as cooperativas, se não houver uma responsabilidade por parte da população", pontua o catador.

É válido ressaltar que um trabalho pioneiro nesse sentido já é realizado no município de Nossa Senhora do Socorro através dos jovens aprendizes ambientais da Fundação Brasil Ecoar. Os jovens vão de porta em porta conversando com cada morador sobre o horário de coleta e a importância de realizar a seleção do lixo produzido nas residências.

"Estamos articulando com a Torre e com a Prefeitura para a implementação do trabalho dos aprendizes ambientais aqui em Aracaju. Iremos entrar num projeto de expansão dessa coleta e atender bairros que, hoje, não são atendidos pela coleta seletiva", finaliza o representante dos catadores.