O Governo de Sergipe intensificou as articulações para garantir que o Projeto Sergipe Águas Profundas (SEAP) permaneça entre as prioridades da Petrobras no novo plano de negócios da estatal. A revisão estratégica leva em conta o cenário internacional de queda no preço do petróleo e pode impactar cronogramas de investimentos no país.
O SEAP contempla sete campos de exploração em águas ultraprofundas — Agulhinha, Agulhinha Oeste, Budião, Budião Noroeste, Budião Sudeste, Cavala e Palombeta — declarados comerciais pela Petrobras em 2021. Trata-se do único projeto da estatal atualmente que prevê a construção de um gasoduto marítimo, o que ampliará o fornecimento de gás natural para o mercado brasileiro e o Nordeste, reduzindo dependências de outras regiões.
Projeto acumula adiamentos e pode ficar fora do plano 2025-2029
As reservas foram descobertas entre 2010 e 2013, mas a contratação das plataformas vem sendo protelada há três anos. A operação comercial está prevista apenas a partir de 2030, já fora do atual plano de investimentos da Petrobras (2025-2029).
Com a recente concessão de licença ambiental para perfuração de poço na Margem Equatorial — Foz do Amazonas, cresce o receio de que os recursos sejam redirecionados para outras frentes, postergando ou até suspendendo os aportes em Sergipe.
Governo cobra ação para evitar perda de oportunidades
Preocupado com o possível esvaziamento do projeto, o governador Fábio Mitidieri (PSD) enviou quatro ofícios oficiais à presidente da Petrobras, Magda Chambriard; ao ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira; ao ministro da Casa Civil, Rui Costa; e ao diretor-geral da ANP, Artur Watt. A mobilização também conta com o apoio do senador Laercio Oliveira (PP/SE).
Nos documentos, o governo defende a manutenção do cronograma e a prioridade estratégica do SEAP, argumentando que o projeto está alinhado às diretrizes de transição energética e ao fortalecimento do setor de gás natural no país.
Por que o SEAP é crucial para Sergipe e para o Brasil?
Benefícios econômicos e sociais
- Geração de milhares de empregos diretos e indiretos na fase de implantação e operação;
- Fortalecimento da indústria local, serviços e cadeia de fornecedores;
- Aumento na arrecadação de royalties e tributos, impulsionando o desenvolvimento regional.
Segurança e expansão energética
- Maior oferta de gás natural para o consumo interno;
- Redução de custos logísticos e de vulnerabilidade a importações;
- Estímulo a indústrias intensivas em energia no Nordeste.
Transição energética e inovação
- Integração com novos projetos de baixo carbono no país;
- Uso de tecnologias modernas de exploração em águas ultraprofundas;
- Potencial formação de um polo energético competitivo e sustentável em Sergipe.
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Entenda: por que o gás natural importa para Sergipe?
O gás natural é uma fonte de energia mais limpa em comparação ao óleo combustível e ao carvão, e suas aplicações crescem no mundo devido à transição energética. Ele pode ser usado para:
- Geração de energia elétrica
- Combustível veicular (GNV)
- Indústrias químicas, metalúrgicas e cerâmicas
- Produção de fertilizantes — essencial para o agronegócio
Além disso, emite menos CO₂ e pode servir como base para novas tecnologias sustentáveis, como o hidrogênio de baixo carbono.
Desenvolvimento que não pode esperar
O governo sergipano destaca que o avanço do SEAP representa uma janela histórica de oportunidades. Atrasos podem comprometer geração de empregos, competitividade regional e o posicionamento do Brasil como referência energética em um cenário global de transformação.
Enquanto a Petrobras finaliza seu plano de negócios, previsto para ser apresentado ainda este ano, Sergipe reforça o pedido: o futuro energético do Brasil passa pelo Nordeste — e pelo SEAP.




