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Saúde

Cristais do óleo da “acácia-branca” podem ser usados em cosméticos e remédios

A conclusão é de uma pesquisa realizada na Unit, que acaba de ser publicada como artigo científico em uma revista holandesa; as substâncias extraídas da planta podem aumentar a eficácia de fármacos em tratamentos estéticos ou até mesmo médicos

Por Redação Sergipe Notícias Publicado em 29/10/2025 às 10:45
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Cristais do óleo da “acácia-branca” podem ser usados em cosméticos e remédios

Uma pesquisa realizada na Universidade Tiradentes (Unit) está estudando o possível uso de uma planta muito presente no Nordeste brasileiro para a fabricação de um insumo que pode ser utilizado como base cosmética ou mesmo no desenvolvimento de medicamentos para o tratamento de doenças e tumores. O estudo de iniciação científica, desenvolvido pela farmacêutica e pesquisadora Dryelle Karoline de Almeida Silveira, foi publicado neste mês em um artigo científico publicado na revista científica Journal of Molecular Liquids, editada nos Países Baixos (Holanda). 

Realizado sob a orientação da professora Patrícia Severino, do Programa de Pós-Graduação em Biociências e Saúde (PBS/Unit), e com a participação de outros estudantes, professores e pesquisadores da Unit e da Universidade Federal de Sergipe (UFS), esse estudo desenvolveu e avaliou cristais líquidos a partir do óleo fixo da moringa oleífera, planta que também é conhecida como “acácia-branca” e está presente no Brasil e em diversos países da África, da Ásia, da América Latina e do Caribe.

De acordo com Dryelle, esses cristais líquidos têm várias finalidades, podendo ser usados em tratamento de feridas, como carreadores transdérmicos, que encapsulam ou se associam a substâncias de medicamentos para transportá-los de forma mais eficaz e segura até o alvo no corpo. “O foco do meu projeto é a utilização dos cristais líquidos como uma base dermocosmética, porque ele vai permitir que o fármaco seja carreado para as camadas mais profundas da pele, aumentando a eficácia desse fármaco”, explica Dryelle, destacando que esses cristais também podem ser usados como base cosmética.

A pesquisa, realizada nos laboratórios do PBS/Unit e do Instituto de Tecnologia e Pesquisa (ITP), apontou que os cristais do óleo da moringa “apresentaram excelente compatibilidade com o resveratrol”, um antioxidante natural encontrado em plantas e com propriedades anti-inflamatórias, neuroprotetoras e antienvelhecimento. E concluiu ainda que “a composição bioativa do óleo contribuiu tanto para a formação da mesofase quanto para o potencial valor terapêutico agregado, destacando o uso promissor desses sistemas como carreadores inovadores de fármacos”.

“O meu projeto contribui de maneira que agora temos um carreador de fármacos de base natural, porque eu uso o óleo vegetal de uma planta super disponível no Nordeste, que é a moringa oleifera, para produzir um carreador que vai melhorar a entrega de fármacos na pele”, acrescenta Dryelle, que dará continuidade à pesquisa em sua dissertação de mestrado no próprio PBS, aprofundando as análises e experimentos para investigar a possível aplicação destes cristais no tratamento de tumores cancerígenos. Esta etapa do estudo é orientada pela professora Juliana Cordeiro Cardoso. “Agora, no meu mestrado, eu vou tentar aplicar essa base para tratamento de melasma, por exemplo, que é uma condição de pele que acomete várias mulheres, principalmente no Nordeste, porque tem muita incidência solar”, completa. 

Outras pesquisas

A iniciação científica foi a porta de entrada para a carreira científica de Dryelle Karoline, que concluiu o curso de Farmácia da Unit no primeiro semestre deste ano e conseguiu ser aprovada em primeiro lugar na seleção para o curso de mestrado do PBS/Unit. Um resultado que foi construído a partir de uma intensa participação em projetos de pesquisa, que incluíram três artigos completos publicados em periódicos, três capítulos de livros publicados, 19 apresentações de trabalhos e seis premiações em eventos científicos. 

Ainda na graduação, a ex-aluna da Unit também participou de um intercâmbio na Universidad Católica de Santa Maria (UCSM), em Arequipa (Peru), onde desenvolveu projeto de prospecção de novos fármacos e bioativos em linhagem de células tumorais. Foram experiências que agregaram ainda mais para o seu currículo acadêmico e contribuíram para a pontuação máxima no Barema, quadro de seleção utilizado nos processos de seleção para concursos e programas de pós-graduação stricto sensu.  

“Com certeza, a iniciação científica contribuiu enormemente para a minha formação acadêmica, não só me fazendo evoluir e amadurecer como profissional, mas deixando claro que eu queria trabalhar com inovação científica, seguir nesse meio de pesquisa e poder desenvolver produtos que contribuam com a saúde e a melhora do bem-estar da população. Além de tudo, todas essas participações em eventos e programas, tanto na internacionalização quanto na iniciação científica, renderam frutos, como certificar as publicações de artigos e a colocação em primeiro lugar no mestrado”, avalia Dryelle. 

 

Autor: Gabriel Damásio

Fonte: Asscom Unit

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