Igreja Universal passa a ser investigada em Portugal por suposta rede de tráfico de crianças

Publiciado em 13/12/2017 as 14:15


A Justiça e a Segurança Social de Portugal abriram inquéritos para averiguar uma suposta liderança da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD) em uma rede de tráfico internacional de crianças. O processo foi aberto após o início da exibição da série de reportagens "O Segredo dos Deuses", em que a emissora de televisão portuguesa TVI mostra o resultado de uma investigação jornalística sobre o caso.

Em nota, a Procuradoria-Geral da República do país informou à TVI, líder de audiência na televisão aberta portuguesa, que "existe um inquérito relacionado com essa matéria, tendo o mesmo sido remetido ao Diap [Departamento de Investigação e Ação Penal de Lisboa] para investigação”. 

A reportagem, fruto de uma investigação de sete meses, mostra que o bispo Edir Macedo, líder máximo da IURD, está diretamente envolvido no esquema, tendo inclusive escolhido seus netos através de fotografias. Em um primeiro momento, o religioso defendia a vasectomia para os pastores, para diminuir os gastos financeiros da igreja, aponta a reportagem. Os religiosos eram inclusive obrigados a fazer a cirurgia até em clínicas clandestinas, segundo relatos do ex-bispo Alfredo Paulo Filho. Em Portugal, homens com menos de 25 anos não podem fazer vasectomia.

Quando a sua filha biológica mais nova, Viviane Cardoso, casou, o bispo mudou de opinião e passou a defender a adoção, segundo a TVI. As crianças roubadas de suas mães eram levadas a um lar ilegal de crianças em Lisboa, capital de Portugal, onde eram depois encaminhados para as casas de líderes da igreja.

Reação da IURD
Em um vídeo publicado no canal oficial da Igreja Universal no YouTube, Louis e Vera Andrade, os netos de Edir Macedo apontados como roubados negaram ter sido raptados na infância. "A TVI está dizendo coisas a nosso respeito que não são verdadeiras. Estão dizendo que fomos raptados pela cúpula da Igreja Universal, mas nós não fomos raptados. Fomos adotados de forma legal", disse Louis no vídeo. Eles também pediram a não veiculação de suas imagens e nomes pela emissora, mas não foram atendidos e a reportagem foi ao ar normalmente.

Em nota, a Igreja Universal do Reino de Deus classificou a série como "mentirosa" e acusou a emissora de "promover uma campanha difamatória" que a instituição "não pode tolerar". Ainda de acordo com o texto da IURD, a TVI baseou a série em relatos de Alfredo Paulo Filho, ex-bispo da igreja, que foi expulso da instituição após "conduta