Por que todos estão falando sobre a COP30 Veja o que você precisa saber sobre a conferência
Mais de 190 países devem participar do encontro que debaterá o futuro do Planeta

Em novembro, o estado do Pará será palco da 30ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas, também conhecida como Conferência das Partes (COP). A COP30 reunirá lideranças mundiais e autoridades em meio ambiente para debater o futuro do planeta.
O Governo Federal espera um fluxo de mais de 40 mil visitantes durante os principais dias da conferência. Deste total, aproximadamente 7 mil compõem a chamada "família COP", formada pelas equipes da ONU e delegações de países membros.
"Agora nós vamos discutir a importância da Amazônia dentro da Amazônia. Nós vamos discutir a questão indígenas, vendo os indígenas. Nós vamos discutir a questão dos povos ribeirinhos, vendo os povos ribeirinhos e vendo como eles vivem", declarou o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
O que é e quem criou a COP30?
A Conferência das Partes caracteriza-se como um encontro global anual em que líderes mundiais, cientistas, organizações não governamentais e representantes da sociedade civil discutem ações para combater as mudanças do clima.
O evento é considerado um dos principais encontros ligados ao tema no mundo e surgiu em 1922, como parte da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima (UNFCCC), também conhecida como Cúpula da Terra, Rio-92 e Eco-92.
A UNFCCC criou a COP como órgão responsável por tomar as decisões necessárias para implementar os compromissos assumidos pelos países no combate à mudança do clima. O acordo entrou em vigor em 21 de março de 1994. O primeiro encontro foi realizado no ano posterior, em Berlim, na Alemanha.
A convenção daquele ano reuniu 179 chefes de Estado dos países-membros da ONU. Nela, além da Convenção de Mudanças Climáticas, foram discutidos outros acordos: Agenda 21, Carta da Terra, Acordo de Paris e Protocolo de Quioto.
Quem pode participar da COP30?
Seguindo os encontros anteriores, a COP30 contará com a presença de chefes de Estado, ministros, diplomatas, representantes da ONU, cientistas, líderes empresariais, ONGs, ativistas e outros membros da sociedade civil de mais de 190 países.
Além disso, o Governo do Pará, em parceria com o Governo Federal, lançou o programa Voluntariado COP30, que selecionou cerca de 3.946 voluntários para atuarem durante o evento.
Quais são as propostas da COP30?
Segundo o Governo Federal, os principais pontos que serão debatidos neste ano são:
- Redução de emissões de gases de efeito estufa;
- Financiamento climático;
- Tecnologias e energias renováveis;
- Mudanças climáticas;
- Preservação ambiental;
- Impactos sociais das mudanças climáticas.
Redução de emissões de gases de efeito estufa
O efeito estufa é um fenômeno natural e benéfico para o planeta, conforme artigo da Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj), órgão pública brasileiro vinculado ao Ministério da Educação.
Alguns gases presentes na atmosfera retêm parte da radiação térmica emitida pela superfície terrestre depois de ter sido aquecida pelo sol, mantendo a temperatura do planeta em um nível adequado para o desenvolvimento da vida.
No entanto, a ação do homem aumentou a presença desses gases na atmosfera, em especial dióxido de carbono e metano, fazendo com que eles retenham mais calor e aumentem a temperatura do planeta. Esse processo é conhecido como aquecimento global.
Até 2035
O relatório do PNUMA, apresentado em outubro do ano passado e compartilhado pela ONU, indica ainda que os países devem se comprometer coletivamente a reduzir 42% das emissões anuais de gases de efeito estufa até 2030 e 57% até 2035.
Esse tipo de comprometimento é feito durante rodadas de Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs). As NDCs fazem parte do Acordo de Paris e da realização de seus objetivos de longo prazo. Os documentos com intenções para reduzir as emissões de gases de efeito estufa determinam diretrizes para a transformação do modelo de desenvolvimento do país. As NDCs representam ainda os esforços de cada país para se adaptar aos impactos das mudanças climáticas.
Financiamento climático
Financiamento climático se refere aos recursos financeiros mobilizados para lidar com os efeitos da mudança do clima, conceitua a Convenção Internacional de Proteção de Plantas (IPPC). Esses valores podem ser públicos ou privados, e circular em âmbito local ou global, com destaque para os fluxos internacionais destinados a países em desenvolvimento.
Existem diversas formas de financiar ações de combate à mudança do clima, de acordo com o MMA. Esses recursos podem vir de diferentes esferas do governo — federal, estadual e municipal —, de instituições públicas ou de fontes internacionais.
Em maio deste ano, um documento base sobre financiamento climático foi aprovado na Reunião de Alto Nível sobre Mudança do Clima e Desenvolvimento Sustentável do Brics. O texto aponta caminhos para concretizar ações contra a mudança do clima nos países do Sul Global.
A expectativa do Executivo federal é compor os esforços em torno da COP30 para fazer avançar os investimentos para o clima. Entre os resultados esperados pela presidência da conferência, com os quais o documento do Brics pode contribuir, está a produção do Road Map Baku-Belém — que detalha os passos necessários para alcançar US$ 1,3 trilhão de dólares até 2035 para financiar as ações climáticas.
Dentro dos mecanismos pensados para alavancar esse financiamento está a proposta brasileira do Fundo Florestas Tropicais para Sempre, que incentivará os países a protegerem as florestas. A ideia vem sendo desenvolvida no âmbito dos Ministérios do Meio Ambiente e da Fazenda desde a presidência brasileira à frente do G20, no ano passado, e deve se concretizar durante a COP30.
Tecnologias e energias renováveis
Energia renovável refere-se à energia que possui como combustível os recursos naturais (sol, vento e água, por exemplo). Por serem inesgotáveis, esses recursos renovam-se constantemente e a sociedade é beneficiada com seu uso no setor elétrico e térmico, aponta o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI).
O impacto ambiental advindo de energias renováveis é comparativamente menor quando comparado com fontes não renováveis, tais como os combustíveis fósseis (petróleo e carvão mineral, por exemplo). Devido ao fato de os recursos naturais estarem presentes em toda a superfície terrestre, as energias renováveis são também utilizadas para a geração de energia elétrica e térmica.
O tema podem ser considerado extremamente relevante para o Brasil durante o encontro mundial. O evento permitirá ao País demonstrar seus esforços em áreas como energias renováveis, biocombustíveis e agricultura de baixo carbono, além de reforçar sua atuação histórica em processos multilaterais. Até 2021, quase metade da energia energética produzida no Brasil vinha de fontes renováveis, de acordo com o Ministério de Minas e Energia.
Durante a Cúpula do Clima de 2021, o também Brasil assumiu o compromisso de antecipar a neutralidade climática de 2060 para 2050. A neutralização é caracterizada pela ausência das emissões líquidas de gases de efeito estufa (GEE).
Mudanças climáticas
Adaptação às mudanças climáticas é uma das pautas que serão debatidas durante o encontro mundial. Segundo a ONU, as mudanças climáticas são transformações a longo prazo nos padrões de temperatura e clima. Essas mudanças podem ser naturais, como por meio de variações no ciclo solar. Desde 1800, as atividades humanas têm sido o principal impulsionador das mudanças climáticas, principalmente devido à queima de combustíveis fósseis como carvão, petróleo e gás.
Já a adaptação à mudança do clima é o processo de ajuste de sistemas naturais e humanos ao comportamento do clima no presente e no futuro e seus efeitos, de acordo com o Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima da ONU.
A adaptação busca reduzir e evitar potenciais danos e explorar oportunidades apresentadas pela mudança do clima. Por isso, desempenha papel fundamental na redução da exposição e da vulnerabilidade aos impactos do aquecimento global.
Visando apresentar ações de enfrentamento à mudança do clima no país até 2035, o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima do Brasil apresentou recentemente o novo Plano Clima, principal instrumento da Política Nacional sobre Mudança do Clima.
O plano, elaboração desde 2023, pactuará a construção de um caminho de desenvolvimento sustentável de longo prazo, segundo o Executivo.
Preservação ambiental
De acordo com a Constuição Fedeal Brasileira*, preservação ambiental é o conjunto de métodos, procedimentos e políticas que visem a proteção a longo prazo das espécies, habitats e ecossistemas, além da manutenção dos processos ecológicos, prevenindo a simplificação dos sistemas naturais.
Conservar e restaurar florestas é fundamental para atingir as metas globais das convenções da ONU sobre Mudança do Clima (UNFCCC), Biodiversidade (CDB) e Combate à Desertificação (UNCCD).
Para isso, segundo o MMA, será necessário mobilizar de US$ 423 bilhões a US$ 542 bilhões por ano até 2030, com recursos internacionais, nacionais e do setor privado.
Os incentivos, ainda de acordo com a pasta, devem valorizar a manutenção das florestas em pé, com apoio de mercados de carbono, bancos multilaterais e mecanismos inovadores.
Um exemplo dessas iniciativas é o TFFF, desenvolvido pelos ministérios do Meio Ambiente, Relações Exteriores e Fazenda e uma das pautas da presidência brasileira da COP30 para a área de financiamento climático.
Outros conceitos incluídos na lei federal que institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza (SNUC), que estabelece critérios e normas para a criação, implantação e gestão das unidades de conservação:
- Conservação da natureza: o manejo do uso humano da natureza, compreendendo a preservação, a manutenção, a utilização sustentável, a restauração e a recuperação do ambiente natural, para que possa produzir o maior benefício, em bases sustentáveis, às atuais gerações, mantendo seu potencial de satisfazer as necessidades e aspirações das gerações futuras, e garantindo a sobrevivência dos seres vivos em geral;
- Proteção integral: manutenção dos ecossistemas livres de alterações causadas por interferência humana, admitido apenas o uso indireto dos seus atributos naturais;
- Conservação in situ: conservação de ecossistemas e habitats naturais e a manutenção e recuperação de populações viáveis de espécies em seus meios naturais e, no caso de espécies domesticadas ou cultivadas, nos meios onde tenham desenvolvido suas propriedades características;
- Manejo: todo e qualquer procedimento que vise assegurar a conservação da diversidade biológica e dos ecossistemas;
Impactos sociais das mudanças climáticas
Outro tema que será debatido durante o encontro é: justiça climática e os impactos sociais das mudanças climáticas. Além de perturbar os padrões climáticos e o equilíbrio da natureza, as mudanças climáticas trazem muitos riscos para os seres humanos e todas as outras formas de vida na Terra. Os principais impactos na sociedade, de acordo com a ONU, são:
- pobreza e deslocamento;
- mais riscos para a saúde;
- comida insuficiente;
- perda de espécies;
- oceano cada vez mais quente e maior;
- aumento da seca;
- tempestades mais severas;
- temperaturas mais altas.
Para a diretora de programas da presidência da COP30, Alice Amorim, a mudança do clima não é apenas uma questão ambiental, mas um tema transversal de desenvolvimento. A gestora representou a Presidência da COP30 no debate sobre justiça climática e proteção ao meio ambiente como direito fundamental, realizado com o Supremo Tribunal Federal do Brasil (STF).
O encontro, realizado no início desse mês, debateu o papel das instituições de justiça na construção de um futuro climático justo, seguro e sustentável. "Todas as áreas – da saúde à educação, da infraestrutura à política fiscal – precisam colocar o clima no coração das decisões", afirmou ainda Alice.
Saiba qual a data da COP30 em Belém
De 10 a 21 de novembro deste ano, em Belém, capital do Pará, acontece a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas de 2025.
Quem pode ir à COP30?]
Além de reunir representantes de governos, setor privado e organizações internacionais, o encontro é aberto à sociedade civil. Conforme o site oficial do evento, o evento é dividido em três principais espaços:
- Zona Azul: área oficial da ONU, onde ocorrem as negociações entre os países e reuniões de alto nível.
- Zona Verde: espaço aberto ao público, com eventos, exposições e debates promovidos por organizações não governamentais, empresas e acadêmicos.
- Eventos paralelos: fóruns, encontros técnicos e painéis promovidos por diversas instituições e grupos de interesse.
Detalhes sobre hospedagem, alimentação e logística estão disponíveis no site do evento.
Além disso, as discussões da COP30 serão transmitidas ao vivo por plataformas digitais, canais de televisão parceiros e pela mídia oficial do evento. O público poderá acompanhar também pelas redes sociais e por canais de comunicação do Governo Federal.
Qual motivo da COP30 ser em Belém?
Em dezembro de 2023, Belém foi oficialmente confirmada como sede da COP30. A candidatura da capital para sediar o encontro foi anunciada pelo presidente Lula, junto com o governador Helder Barbalho, durante a COP27 em Sharm-el-Sheikh, em novembro de 2022.
Na confirmação, o governador afirmou que essa será “a COP da floresta, na natureza, a COP da nossa gente”.
Quais são as consequências da COP30?
Os principais desafios que a COP30 busca contornar incluem alinhar os compromissos de países desenvolvidos e em desenvolvimento em relação ao financiamento climático, garantir que as metas de redução de emissões sejam compatíveis com a ciência climática e lidar com os impactos socioeconômicos das mudanças climáticas em populações vulneráveis.
Além disso, segundo o MMA, a conferência será um marco no processo das negociações da UNFCCC, pois proporcionará um espaço fundamental para avaliar seus avanços, ajustar as metas e fortalecer as parcerias internacionais.
Fonte: NE Notícias

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