Troca no Ministério da Saúde 'deve ser hoje, mais tardar amanhã', diz Mandetta

Publiciado em 16/04/2020 as 12:31

O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, afirmou nesta quinta-feira (16) que deverá sair do comando da pasta. "Deve ser hoje, mais tardar amanhã, mas, enfim, isso deve se concretizar", afirmou Mandetta em um webinário.

"Então, [o vírus] ele não negocia, ele não dá trégua, ele se impõe. Aqueles que querem neglicenciá-lo acabam sendo atropelados pela maneira como ele se comporta. Nós temos uma perspectiva de troca aqui no ministério. Deve ser hoje, mais tardar amanha, mas enfim isso deve ser concretizar. Nós vamos ter todo o cuidado porque o nosso foco é o vírus e nós vamos ter todo o cuidado para amparar quem quer que seja que venha para cá, nós não vamos fazer nenhum movimento brusco não para que vocês possam ter essa... Eu acho que eu sou uma peça menor dessa engrenagem, dessa a equipe que tem aqui, eu escolhi a equipe basicamente por gente concursada, que é do corpo de técnicos do ministério", afirmou Mandetta.

O ministro da Saúde admitiu nesta quarta que há divergências entre ele o presidente Jair Bolsonaro no enfrentamento à pandemia do novo coronavírus.

Na manhã desta quinta, Bolsonaro convidou o oncologista carioca Nelson Teich para conversar. Ele é cotado para assumir a vaga de Mandetta.

Perguntado sobre o que faria após deixar o ministério, Mandetta afirmou que ainda pensa no curto prazo e que irá contribuir com quem assumir a pasta.

"Talvez começar com uma entrevista de emprego pra trabalhar na Mater Dei (risadas). Se eu pensar o que eu vou fazer depois, eu fico preocupado com quem vier pra cá depois, o que eu puder ajudar eu vou ajudar. Depois fazer um afastamento pra pessoa poder ter ideias próprias. Me preocupa demais impacto econômico, vamos ter muito desemprego, necessidade de ação social, desligar um país como foi desligado e depois ligar é muito complexo. É muito mais difícil retomar serviço em hospital, por exemplo. Acho que vamos ter periodos muito duro na saude, SP e RJ vão estressar demais, MG me preocupo muito, tenho visto política de isso aqui não é nada, vamos tocar. Minas é incógnita. Espero que tenham estrutura técnica. O que vaia acontecer em rio e sao paulo é o que vai ditar distanciamento social, esse vírus não negocia. NY parou. O que estamos vivendo no Brasil não é lockdown não. Ajudou, mas se a curva pegar a ar vai acabar havendo imposição de lockdown. Isso vai acabar sendo referência pros outros, Minas, Espírito Santo. Daria pras cidades fazerem movimentações em condições normais de sistema. Se não tenho máscara, leito de CTI..."

Informações falsas na pandemia

O ministro também falou no webinário sobre as notícias falsas propagadas durante a pandemia, o que dificulta o enfrentamento ao Covid-19.

"Você só elimina [as notícias falsas] com a pessoa sabendo filtrar a informação. E saber filtrar a informação é com educação. É você saber ler, saber entender. (...) Estamos em um país que tem mais de 40% de analfabetos funcionais, que leem texto e não compreendem o que leram daquele texto", afirmou.

Mandetta citou a diferença entre as notícias falsas e a informação de teor político.

"Existe a má comunicação e existe a comunicação para o mundo político. E para o mundo político, às vezes, ela se justifica como excelente, do ponto de vista político, mas ela não guarda compromisso com a ciência, só com o desdobramento político e esse fla flu de hoje em dia, você tem que ter lado, em tudo, então há dualidade, a política feita de uma maneira que ou você é ou não é ou você aceita e ou não aceita, tem essa característica de insistir na ruptura", afirmou.

"Fake news é uma coisa, uso político da informação é outra coisa, porque vem com um verniz e você tem que ter muita resistência", afirmou Mandetta.

 
Do G1