Guedes diz que acusação sobre offshore é 'narrativa política e covardia'
O ministro da Economia, Paulo Guedes, disse hoje que há "narrativa política, covardia e desrespeito aos fatos" em acusações de que ele especulou com o valor do dólar para aumentar seu patrimônio nas Ilhas Virgens Britânicas, um paraíso fiscal.
Guedes voltou a dizer que a offshore é "absolutamente legal" e negou que tenha entrado no governo para ter acesso a informações privilegiadas. Em audiência na Câmara dos Deputados, o ministro está sendo cobrado a explicar movimentações financeiras no exterior.
"Há narrativa política, covardia e desrespeito aos fatos. A pergunta é: existe conflito de interesse? Não", afirmou. "Quando fala offshore, as pessoas imaginam uma organização com uma porção de gente. Não é nada disso. É uma conta que, por razões sucessórias, tem um representante familiar".
"Offshore é um veiculo de investimento absolutamente legal. É absolutamente legal. Por razões sucessórias, se comprar ações de empresas, se tiver uma conta em nome da pessoa física, se você falecer, 46%, 47% é expropriado pelo governo americano. Tendo uma conta em pessoa física, todo seu trabalho de vida, ao invés de deixar para herdeiros, vira imposto sobre herança. Então o melhor é usar offshore, que está fora do continente", Ministro da Economia, Paulo Guedes, na Câmara dos Deputados
Guedes reforçou que a offshore é "100% legal" e que seus recursos são declarados à Receita Federal anualmente.
O ministro também disse que não usa o cargo para promover os próprios interesses. "Tive a oportunidade de vir para o governo antes. Se eu fosse alguém querendo ganhar dinheiro para usar informação privilegiada, eu teria vindo muito antes, quando fui convidado pelo ministro Dornelles [governo de Tancredo Neves]".
Guedes acrescentou que "ninguém lutou mais por um Banco Central independente" do que ele. "Se eu quisesse manipular [a taxa de juros e o dólar], ficava com o Banco Central no meu comando".
"Offshore é como uma faca: pode ser usada para o mal, para matar alguém, ou para o bem, para descascar uma laranja", Paulo Guedes na Câmara dos Deputados
Em discurso no início da sessão, Guedes negou que tenha evitado comparecer a audiência para explicar as movimentações financeiras no exterior — o ministro faltou a uma convocação marcada para o dia 10 de novembro alegando "conflito de agenda".
A existência de uma offshore não configura necessariamente um crime, mas parlamentares citam a possibilidade de um conflito de interesses na manutenção dessas operações enquanto Guedes ocupa o cargo responsável por gerir as políticas econômica e cambial do país.
Nos bastidores, o governo tentou articular para que o assunto fosse esquecido pelos parlamentares, mas o ministro acabou sendo convocado novamente. O deputado Paulo Ramos (PDT-RJ) chegou a dizer que Guedes poderia responder por crime de responsabilidade se faltasse mais uma vez à audiência.
Recursos nas Ilhas Virgens Britânicas
O termo offshore significa "fora da costa marítima", no sentido de longe do continente. É normalmente usado para designar empresas fora do país de origem da pessoa, em geral com sede em paraísos fiscais. Para a Receita Federal, são considerados paraísos fiscais os países que tributam a renda em menos de 20% e cuja legislação permite manter em sigilo a composição societária das empresas.
A existência da offshore ligada a Guedes foi revelada pelo projeto "Pandora Papers", do ICIJ (Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos). No Brasil, os parceiros do consórcio são a revisa Piauí e o site Poder 360. Conforme os "Pandora Papers", Guedes possui desde 2014 uma offshore de nome Dreadnoughts International.
O ministro da Economia depositou US$ 9,54 milhões (mais de R$ 53,4 milhões, na cotação atual) na conta da offshore, em uma agência do banco Crédit Suisse em Nova York. Além de Guedes, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, manteve recursos investidos por meio de offshores.
Do UOL
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