Pesquisa mostra que 4 a cada 10 brasileiros estão endividados; preocupação com dívidas afeta saúde mental

Estudo da Federação Brasileira de Bancos (Febraban) ouviu três mil pessoas nas cinco regiões do país. Maioria dos entrevistados afirma que dívidas têm impacto na saúde mental.

Publicado em 27/07/2025 às 00:04

Quatro em cada dez brasileiros estão endividados. Além do bolso, a maioria sente o impacto também na saúde emocional.

Fabiana Zanelatto é vendedora e tem uma dívida que supera em doze vezes o salário que ganha. Ela diz que nunca foi organizada com as contas e em janeiro, quando foi demitida, as despesas se acumularam de vez.

 

"A gente tenta cobrir uma dívida com outra e aí não dá certo isso. Aí você deita, você pensa que vai dormir, aí seu cérebro já começa. Do nada, vem a cobrança 'E essa dívida? E o aluguel? E o condomínio? E não sei o quê que tem que pagar, como que eu vou fazer?'".

As dívidas têm mesmo tirado o sono de muitas famílias no país. Uma pesquisa da Federação Brasileira de Bancos, a Febraban, mostra que quatro em cada dez (39%) brasileiros estão endividados.

37% acreditam que vão quitar a dívida este ano, mas 24% dizem que vão demorar muito para pagar. A maioria dos endividados diz que a preocupação com as contas compromete a saúde.

"77% afirma que o endividamento afeta a saúde emocional, afeta as relações familiares, afeta a qualidade de vida", diz Amaury Oliva, diretor de sustentabilidade e cidadania financeira da Febraban.

Das pessoas ouvidas na pesquisa, mais de 60% afirmaram que recorrem com frequência a algum tipo de crédito. O mais comum é o cartão, mas também foram mencionados os empréstimos pessoais.

Sem o planejamento adequado, esse tipo de comportamento pode levar a um endividamento descontrolado. Se a pessoa não pagar o valor total na data certa, a dívida vai só aumentando por causa dos juros altos.

Uma fatura de mil reais no cartão de crédito, por exemplo, pode chegar a quase R$ 1600 se a conta ficar atrasada por três meses.

O estudo ouviu três mil pessoas nas cinco regiões do país. 55% dos entrevistados admitiram que entendem pouco ou nada de educação financeira.

A economista Regiane Vieira explica que o primeiro passo é entender por que se endividou, depois organizar as contas para planejar o pagamento.

"Listar todas as despesas da família. Outro ponto importante é a gente também fazer uma reflexão honesta sobre as receitas que nós recebemos. Eventualmente para conseguir dar conta dessas dívidas que foram assumidas, por um período, pode ser que a pessoa tenha que inclusive que se programar para trabalhar mais horas, para ter uma atividade extra e conseguir uma renda maior quando não for possível reduzir as despesas."

A Fabiana está com dois empregos e ainda vende doces para ter uma renda extra. Agora, também passou a fazer uma planilha de gastos:

"Eu ia no mercado eu nem pegava notinha. Agora eu tô pegando a notinha. Eu já sei, se eu gastar um real, eu gastei um real nisso aqui. Porque senão não vai sobrar. Eu não vou saber onde eu gastei. Vai ficar sempre, eu tô trabalhando mas o dinheiro tá indo para onde?" Fonte: G1
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