A contínua deterioração das contas públicas é uma "bomba fiscal" para o governo, ponderou Marcus Pestana, diretor-executivo da IFI (Instituição Fiscal Independente do Senado), em entrevista ao CNN Money.
Pestana descreveu o cenário como uma "marcha lenta", comparando a uma diabete que vai deteriorando a saúde do paciente com o passar do tempo. Ainda assim, ressaltou que o "desequilíbrio fiscal é muito preocupante".
"O governo tem procurado responder ao desequilíbrio fiscal - gasta mais do que arrecada - com sucessivas medidas de aumento de arrecadação", pontuou.
Nesse processo, destacou a tributação de fundos exclusivos e offshores; a medida provisória de alternativas à alta do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras), que taxa instrumentos financeiros antes isentos; a alta na cobrança sobre bets e fintechs; e mudanças em regras sobre créditos tributários.
Olhando para o futuro, também questionou o orçamento desenhado para 2026. "É cheio de interrogações, há uma série de receitas que são computadas ali para zerar o déficit [...] que são ainda interrogações, incertezas."
Ademais, sublinhou o fato de a peça orçamentária ser otimista demais ao subestimar despesas e superestimar parâmetros como o crescimento da economia.
Quanto ao impulso fiscal, Pestana ponderou que "o governo introduzir renda não é um problema quando o país está em depressão ou tem capacidade ociosa". Esse, contudo, não é o caso de agora.
O diretor do IFI destacou o fato de a economia estar aquecida e o desemprego na mínima histórica. "Quando injeta renda nesse cenário há uma pressão natural sobre os preços."