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Educação

Podcast leva estudantes à fase nacional da Olimpíada Brasileira de Geografia

Iniciativa de doutorando do PPED transforma alunos do Colégio CEA em produtores de conteúdo, combinando mídias digitais e aprendizado prático

Por Redação Sergipe Notícias Publicado em 25/11/2025 às 08:52
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Podcast leva estudantes à fase nacional da Olimpíada Brasileira de Geografia

Com o propósito de tornar o aprendizado de Geografia mais colaborativo, autônomo e conectado à realidade dos estudantes, o doutorando José Daniel Vieira Santos, do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Tiradentes (PPED-Unit), desenvolveu um projeto envolvendo alunos da 2ª série do Ensino Médio do Colégio CEA, em Aracaju, na criação de podcasts sobre temas geográficos e sociais. Sob orientação do professor Alexandre Chagas, José Daniel estruturou a iniciativa para estimular pesquisa, planejamento e produção de conteúdo, e o resultado foi a classificação da escola para a fase presencial da Olimpíada Brasileira de Geografia (OBG) 2025.

A presença do CEA na OBG não é inédita: a escola participa da competição há quatro anos consecutivos, mas até 2025 não havia alcançado resultados significativos. A olimpíada reúne estudantes do 9º ano do Ensino Fundamental à 3ª série do Ensino Médio em todo o país, com uma fase online composta por três provas e uma fase presencial que seleciona uma equipe por segmento e por estado: escolas públicas, públicas com seleção e privadas. Em Sergipe, cerca de 1.786 equipes participaram, e o CEA se destacou entre instituições privadas, garantindo vaga em Campinas.

De acordo com José Daniel, o diferencial que levou a escola ao destaque foi o projeto de podcast realizado com os alunos da 2ª série. “Outras equipes da escola também conquistaram medalhas de bronze, mas as equipes envolvidas no podcast se destacaram, mostrando que a metodologia contribuiu diretamente para o aprendizado efetivo”, ressalta.

O surgimento do podcast

A ideia do podcast surgiu da experiência de José Daniel com mídias digitais na educação, especialmente durante seu mestrado, quando trabalhou com produção de vlogs para promover uma aprendizagem significativa e crítica. “Percebi que os estudantes já estão inseridos na cibercultura e possuem habilidades prévias em tecnologias digitais. Utilizar esses recursos como estratégia pedagógica mostrou-se extremamente eficiente”, explica. O podcast, enquanto formato narrativo e interativo, permitiu que os alunos se tornassem produtores ativos de conhecimento, articulando conceitos de Geografia com temas de política, economia e sociedade.

O projeto organizou a turma em cinco grupos, cada um responsável por criar nome, logotipo, canal no YouTube e perfil no Instagram, garantindo a divulgação dos episódios e postagens semanais sobre os temas tratados. Cada disciplina gerou dois episódios: um com entrevistas de especialistas e outro produzido pelo próprio grupo. “A dinâmica proporcionou variedade, aprofundamento teórico e desenvolvimento de habilidades comunicativas, além de estimular pesquisa, planejamento e trabalho em equipe”, detalha José Daniel.

O cronograma exigiu que os estudantes planejassem previamente os temas, relacionassem o conteúdo de sala de aula aos episódios e estudassem profundamente os conceitos geográficos. A participação ativa em todas as etapas, desde a roteirização até a edição e gestão das plataformas digitais, desenvolveu não apenas competências acadêmicas, mas também habilidades socioemocionais, como escuta ativa, negociação e resolução de conflitos.

Gravações no CCS

As gravações ocorreram no Complexo de Comunicação Social (CCS) da Unit, onde os alunos tiveram acesso a equipamentos profissionais e orientação técnica especializada. Inicialmente, alguns estudantes demonstraram timidez e insegurança, mas a preparação em sala e o apoio da equipe do CCS tornaram a experiência mais segura. “O ambiente profissional e o acompanhamento técnico permitiram que explorassem a Geografia de maneira criativa e autoral. Foi impressionante acompanhar a evolução de cada grupo”, afirma José Daniel.

As sessões de gravação aconteciam mensalmente, de forma direta e sem cortes, exigindo domínio do conteúdo. A equipe do CCS ficou responsável pela edição final e envio do material pronto para publicação nos canais dos grupos. “O projeto não se limitou a ensinar Geografia. Envolveu gestão de projetos, comunicação e letramento digital, preparando os estudantes para os desafios do século XXI”, completa o doutorando.

Impacto na Olimpíada

O projeto refletiu diretamente nos resultados da OBG. “Todas as equipes medalhistas do CEA participaram do podcast. As que não participaram não foram premiadas, evidenciando que a metodologia foi o diferencial”, comenta José Daniel. Além do desempenho na competição, o projeto desenvolveu nos alunos autonomia intelectual, pensamento crítico, habilidades de comunicação e letramento digital.

“O podcast une teoria e prática, incentiva investigação e promove reflexão sobre questões sociais e políticas contemporâneas”, observa José Daniel. A experiência fortalece a postura investigativa dos estudantes e contribui para formar cidadãos críticos e engajados.

O projeto continuará ativo após a Olimpíada. O doutorando pretende expandir a iniciativa para outras turmas e criar uma rede colaborativa entre diferentes séries, onde alunos mais experientes possam orientar os iniciantes. Também há planos de integrar Inteligência Artificial aos processos de pesquisa e roteirização, aproveitando sua investigação de doutorado. Parte do conteúdo já está disponível no YouTube, democratizando o conhecimento produzido pelos estudantes.

José Daniel acrescenta que os melhores episódios poderão ser utilizados como material didático complementar, e há intenção de estabelecer parceria sistemática entre o CEA e a Unit para criar uma série de podcasts educacionais em diferentes disciplinas. “Como pesquisador, vejo que tecnologias digitais mediadas pedagógica e teoricamente potencializam a aprendizagem crítica. Como professor, é a prova de que investir na autonomia dos estudantes transforma a relação deles com o conhecimento. Ver meus alunos evoluírem e serem reconhecidos nacionalmente é a maior recompensa”, conclui José Daniel.

 

Por: Laís Marques

Fonte: Asscom Unit

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