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Polícia Federal participa de capacitação em IA na Unit

Ação integra acordo de cooperação técnica e amplia o uso estratégico de Inteligência Artificial em atividades administrativas e investigativas da corporação

Por Redação Sergipe Notícias Publicado em 28/11/2025 às 07:22
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Polícia Federal participa de capacitação em IA na Unit

O avanço acelerado da inteligência artificial no setor público traz um desafio imediato: compreender de forma aprofundada essas tecnologias e integrá-las a rotinas que vão da gestão administrativa às atividades investigativas. Para instituições de segurança, como a Polícia Federal, que lidam diariamente com grandes quantidades de documentos, imagens, dados e informações sensíveis, acompanhar essa evolução tornou-se indispensável.

Com foco na modernização de seus procedimentos, a Polícia Federal em Sergipe participou, na quarta-feira, 26, de uma imersão em IA realizada no Tiradentes Innovation Center (TIC). A iniciativa faz parte do Acordo de Cooperação Técnica firmado entre a corporação e a Universidade Tiradentes (Unit). Segundo Fábio Santos, diretor de Tecnologia do Grupo Tiradentes, a ação representa mais um avanço dentro de uma parceria que vem se consolidando ao longo dos anos.

“A proposta nasceu do interesse da superintendente em ampliar o repertório da instituição sobre inteligência artificial e suas aplicações práticas no cotidiano policial. A ideia é apresentar desde noções fundamentais até usos possíveis da tecnologia pelos agentes. É uma satisfação poder contribuir para o desenvolvimento de uma instituição tão relevante e respeitada no país”, afirmou.

Parceria estratégica

Fábio ressaltou que iniciativas como essa dialogam diretamente com a essência do Grupo Tiradentes, cuja trajetória é marcada por alianças com grandes empresas de tecnologia e pelo incentivo constante à inovação. Ele reforçou que a colaboração com a PF está alinhada ao compromisso da universidade com a sociedade. “A inovação sempre esteve presente na história do Grupo Tiradentes. Com a consolidação desses projetos e a ampliação do Tech Park, surgem ainda mais oportunidades de avanço e desenvolvimento tecnológico”, disse.

Para Valter Santana, diretor de Relações Institucionais da Unit, o encontro reforça a universidade como espaço de articulação científica e difusão de conhecimento. Ele destacou que receber a PF no campus evidencia a relevância prática do que é produzido academicamente. “A Unit se coloca à disposição de parceiros estratégicos, oferecendo aquilo que temos de mais valioso: conhecimento. Este momento simboliza a aplicação desse saber em um órgão essencial para o estado”, avaliou.

A superintendente da PF em Sergipe, delegada Aline Marchesini, destacou a importância da parceria iniciada em 2023 e reforçou o papel da universidade na formação contínua dos agentes. “A inteligência artificial já está presente em diversas etapas do trabalho da PF, mas seu uso pode ser expandido com capacitações estruturadas. É essencial que servidores e policiais compreendam como utilizar essas ferramentas, não apenas nas investigações, mas também na gestão, tornando processos mais ágeis e eficientes”, elenca.

Fundamentos da IA e impacto no trabalho policial

A primeira palestra, ministrada pelo professor Victor Flávio Araújo, teve caráter introdutório e buscou resgatar uma compreensão precisa do que realmente caracteriza a inteligência artificial. Ele destacou que boa parte das percepções sobre IA é influenciada por informações incompletas ou distorcidas presentes na mídia. “Quero ampliar o olhar sobre como essas tecnologias podem apoiar a Polícia Federal, especialmente no campo da visão computacional. IA não se limita a chatbots”, ressaltou.

Victor apresentou exemplos reais de ferramentas já aplicadas em contextos policiais, como sistemas de reconhecimento facial, modelos voltados à área forense e soluções de reconstrução de cenas com suporte da ADA Metaverse. “O potencial da IA vai muito além de respostas automáticas. Estamos falando de métodos capazes de extrair informações complexas de imagens, vídeos e registros periciais. A ideia é desmistificar seu uso e mostrar possibilidades que ultrapassam a simples interação com o chat GPT”, completou.

Segundo o professor, a parceria viabiliza projetos com grande impacto social e científico. Ele explicou que o Grupo de Pesquisa Interdisciplinar em Tecnologia, Computação e Sociedade (GPITICS), que atua com dados públicos e técnicas de IA, ganha relevância ao lidar com demandas reais da PF. “Conseguimos desenvolver soluções que retornam benefícios diretos para a população. Para a pesquisa, isso é extremamente rico, e para a instituição, ainda mais”, avaliou.

IA generativa na gestão e no cotidiano da PF

A segunda etapa da programação foi conduzida pelo professor Alexandre Chagas, que tratou da aplicação da IA generativa em rotinas administrativas da Polícia Federal. Ele apresentou ferramentas que agilizam a produção de documentos, relatórios, despachos, atas, além de agentes autônomos capazes de realizar buscas estruturadas. “A intenção é mostrar o que está disponível para que cada profissional possa usar essas ferramentas de forma estratégica em seu dia a dia”, explicou.

Alexandre destacou que um dos principais impactos da IA generativa é a diminuição das tarefas repetitivas, permitindo que servidores e policiais dediquem mais tempo às atribuições que exigem análise humana, especialmente as investigações. “Com o apoio dessas tecnologias, há uma redução significativa da sobrecarga, favorecendo o foco nas atividades que realmente dependem da expertise do agente”, pontuou.

O professor também afirmou que colaborações como essa impulsionam novas linhas de pesquisa na universidade. Seu interesse acadêmico pela IA generativa, contou, surgiu justamente das necessidades observadas junto a instituições parceiras. “Essas aproximações revelam demandas reais e reforçam a importância de trazer inovações, tendências e aplicações concretas para quem está na linha de frente”, disse.

Processamento de linguagem natural e aplicações investigativas

A terceira palestra, ministrada pelo perito criminal e professor Jorge Barreto, abordou o uso do processamento de linguagem natural (NLP) em atividades comuns na rotina policial. Ele explicou que a técnica converte arquivos de áudio e vídeo em texto, automatizando processos como degravações, oitivas e análises de interceptações telefônicas. “A ideia é apresentar o NLP como um recurso que aumenta a produtividade e torna o fluxo de trabalho mais eficiente”, destacou.

Jorge afirmou que essa tecnologia já se tornou essencial para agilizar etapas importantes das investigações. Ele ressaltou que a integração entre PF e universidade possibilita aprimorar ferramentas e torná-las mais acessíveis. “Essa troca faz parte do tripé universitário ensino, pesquisa e extensão. Quando disseminamos tecnologia e inovação, cumprimos nossa função social”, afirmou.

Para a Polícia Federal, a capacitação em IA integra sua estratégia de modernização institucional. Diego Dantas, responsável pela Unidade de Gerenciamento de Edital (UGE) da PF em Sergipe, reforçou que a iniciativa prepara o efetivo para utilizar novas tecnologias com eficiência e responsabilidade. “Essa parceria é fundamental para modernizar e qualificar nosso time, aprimorar os serviços e fortalecer os resultados das investigações”, afirmou.

 

Por: Laís Marques

Fonte: Asscom Unit

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