Sergipe Notícias
Publicidade
Educação

Pesquisadores sergipanos estudam soluções inovadoras para saúde e meio ambiente

Projetos de doutorado de ex-alunos da Unit miram regeneração da medula espinal, novos tratamentos contra o câncer e tecnologias sustentáveis para o setor agropecuário.

Por Redação Sergipe Notícias Publicado em 11/10/2025 às 05:19
Compartilhe: Compartilhar no X Compartilhar no facebook Compartilhar no Whatsapp
Pesquisadores sergipanos estudam soluções inovadoras para saúde e meio ambiente

Um programa de pós-graduação em Biotecnologia vem desenvolvendo estudos e pesquisas que podem indicar caminhos e soluções para aperfeiçoar tratamentos de saúde e mitigar impactos ambientais na atividade agropecuária. São teses de doutorado desenvolvidas por ex-alunos do curso de Biomedicina da Universidade Tiradentes (Unit), que ingressaram diretamente no Doutorado em Biotecnologia, curso oferecido pela Rede Nordeste de Biotecnologia (Renorbio) que é formada por instituições de ensino e pesquisa de todos os estados da Região Nordeste e do estado do Espírito Santo. 

Uma das teses, desenvolvida por Pedro Henrique da Silva Rodrigues, é sobre o uso de resíduos agroindustriais como substrato para a degradação de embalagens de pesticidas. A proposta é utilizar resíduos abundantes no Brasil como indutores para a produção de enzimas fúngicas capazes de degradar essas embalagens, reduzindo a contaminação ambiental e os riscos à saúde humana. 

“O objetivo é mitigar os impactos ambientais tanto dos resíduos agroindustriais quanto das embalagens de pesticidas, que representam um problema significativo para o setor agrícola. Além de gerar ganhos econômicos, visto que as enzimas produzidas apresentam ampla aplicabilidade em diferentes setores industriais. Ao valorizar resíduos agroindustriais abundantes no país, a pesquisa promove economia circular e simbiose industrial”, destaca Pedro, que fez iniciação científica na Unit entre 2023 e 2025, quando atuou no Laboratório de Biologia Molecular (LBM), do Instituto de Tecnologia e Pesquisa (ITP), e participou de dois projetos de pesquisa que resultaram em duas patentes depositadas no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI).

A outra pesquisa, conduzida por Carine Serafim da Cunha Silva, é voltada para a área de engenharia de tecidos, com foco no uso de hidrogéis fotopolimerizáveis. É uma continuidade da pesquisa que fez na iniciação científica, que tinha como objetivo a construção de tecidos cardíacos destinados à recuperação de pessoas com doenças cardiovasculares, usando biomateriais para substituir ou reparar tecidos do coração. Agora, essa reconstrução seria voltada para a medula espinal. 

O objetivo é aplicar esses hidrogeis diretamente na medula, avaliando a capacidade de favorecer a regeneração tecidual e a recuperação funcional. “Acredito que esse projeto abre novas perspectivas para o tratamento de lesões na medula espinal, que hoje têm opções muito limitadas. Esse é um passo inicial, ainda em fase experimental, e não é algo que possa ser aplicado em humanos no momento. Mesmo não sendo uma solução imediata, é um avanço importante no caminho para novas abordagens”, acredita Carine, que também fez iniciação científica junto ao Laboratório de Nanotecnologia e Nanomedicina (LNMed), no ITP e participou no ano passado de um intercâmbio na Universidad Católica de Santa María, em Arequipa (Peru). 

Um terceiro estudo, também na área de saúde, está sendo elaborado pela doutoranda Helena de Almeida Cerqueira Kodel. Ela trabalha no estudo de plantas da Caatinga para identificar e desenvolver compostos bioativos capazes de superar a resistência quimioterápica. O objetivo é possibilitar a descoberta de moléculas promissoras que possam futuramente subsidiar o desenvolvimento de terapias mais eficazes para o tratamento de pacientes com câncer. A pesquisa busca ainda explorar o potencial de espécies da Caatinga para o desenvolvimento de soluções terapêuticas.

“Muitos quimioterápicos hoje têm sua eficácia diminuída devido a diversos mecanismos celulares, e incorporando uma flora (a caatinga) que ainda é escassa em estudos, existe a esperança de se descobrir compostos, extratos que possuam capacidade de superar essas dificuldades. A proposta trata diretamente com o objetivo do programa de transformar a biodiversidade regional em inovação científica e tecnológica, explorando o potencial de espécies da Caatinga para o desenvolvimento de soluções terapêuticas”, ressalta Helena, que também atuou em projetos de iniciação científica junto ao LBM/ITP. 

Currículos diferenciados

O Doutorado em Biotecnologia da Renorbio foi credenciado em 2006 pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), que atribuiu a ele a Nota 6, considerando-o como referência nacional e internacional. Ele é composto por mais de 200 pesquisadores das instituições participantes e composto por quatro áreas de concentração: Agropecuária, Saúde, Industrial e Recursos Naturais. 

Em Sergipe, a rede tem a participação da Unit e da Universidade Federal de Sergipe (UFS) como instituições nucleadoras, isto é, responsáveis pela emissão dos diplomas dos alunos formados no estado. Ambas desenvolvem as atividades do programa em conjunto, com a participação direta de seus professores, pesquisadores e laboratórios de pesquisa. A Unit é uma das nucleadoras da rede desde 2015. 

O ingresso direto de alunos da graduação para o doutorado é possível dentro da Renorbio, desde que os candidatos atendam a critérios de alto desempenho acadêmico e científico na graduação, além de apresentarem um projeto de pesquisa consistente e relevante. E este é o caso dos alunos da Unit que conseguiram emplacar seus projetos de pesquisa. 

“Os alunos construíram, ao longo da graduação, um currículo sólido e diferenciado na área de pesquisa, participando de projetos de iniciação científica, atividades de extensão, monitorias e outras oportunidades oferecidas pela instituição. Esse engajamento e dedicação permitiram que fossem aprovados diretamente em programas de doutorado, demonstrando excelência acadêmica e potencial como futuros pesquisadores”, destaca a coordenadora operacional do curso de Biomedicina da Unit, professora Patrícia de Oliveira Almeida. 

 

Autor: Gabriel Damásio

Fonte: Asscom Unit

Leia Também

Publicidade